ESTUDANDO A PALAVRA

ESTUDANDO A PALAVRA

domingo, 23 de abril de 2017

Exposição Bíblica: Romanos 1.1

SÉRIE DE EXPOSIÇÃO BÍBLICA:
Livro Estudado: Romanos
Rev. João Ricardo Ferreira de França.
Texto Bíblico: Romanos 1.1.
Παῦλος δοῦλος Χριστοῦ Ἰησοῦ, κλητὸς ἀπόστολος ἀφωρισμένος εἰς εὐαγγέλιον θεοῦ,
 (Rom 1:1 BGT)
Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus, (Rom 1:1 ARA).
Introdução:
Estamos iniciando a nossa série de exposição bíblica sobre esta grande epístola. É uma carta onde à essência do evangelho é vislumbrada; uma carta que tem uma ampla significância histórica para fé cristã. Pois, foi lendo tal carta que um homem ímpio e pecador encontrou a Cristo – seu nome? Santo Agostinho, em sua busca pela verdade, e pela paz no coração estava no jardim de sua casa quando ouviu uma criança cantar – tole lege, tole lege! Toma e ler! Toma e ler! Ele prontamente tomou o livro sagrado de Deus e abriu a esmo na passagem de Romanos 13.13! E houve uma grande transformação daquele homem – conhecido na história da igreja como o doutor da graça!
Outro personagem da história da igreja que nos fala da grandeza desta epístola chama-se Martinho Lutero, pois, e seus estudos exegéticos, da carta em apreço, ele se deparou com o capítulo 1 versos 16-17, e então, eclode a Reforma protestante; e por fim, um cristão que sentia grande agonia sobre o estado de sua alma, encontrou conforto nas palavras de Paulo em Romanos 3.20-26, este cristão era o grande músico Willam Cowper. Pois, bem diante deste vislumbre da história podemos dizer que é um grande desafio expor a presente epístola. Tendo esse senso de incapacidade nos aproximamos das declarações iniciais desta carta considerando os seguintes aspectos:
I – O autor:
Notemos como a carta começa “Paulo” – quem era este “Paulo”? Se nós estudarmos o Novo Testamento certamente encontraremos muitas coisas sobre este personagem. Vamos saber que ele era natural de uma cidade chamada Tarso ( Atos 21.39; 22.3) e que nascera livre. Pois, era um cidadão romano. Conforme vemos em Atos 22.3 ele fora instruído pelo maior mestre da Lei de seu tempo – o nobre Gamaliel. Em Filipenses 3.5 somos informados que este Paulo se destacara: como “hebreu de hebreus”. E fora educado na exatidão da lei (Atos 22.3); por causa deste zelo passou a perseguir os cristãos (Atos 22.4), ele recebera autorização para fazê-lo de maneira desmedida conforme vemos em Atos 26.9-11:
“Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno; e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam. Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia.”
            Eis aqui o retrato deste homem terrível! Um perseguidor da Igreja de Deus conforme o texto de  Gálatas 1.13 nos informa – “Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava.”
            Mas, este homem era um eleito de Deus! E no caminho para Damasco encontra-se como o Senhor Jesus isto pode ser lido em Atos 22.6-8:
Ora, aconteceu que, indo de caminho e já perto de Damasco, quase ao meio-dia, repentinamente, grande luz do céu brilhou ao redor de mim. Então, caí por terra, ouvindo uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Perguntei: quem és tu, Senhor? Ao que me respondeu: Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem tu persegues.
            Aqui está o homem perseguidor da Igreja tendo uma experiência gigantesca de redenção! O próprio Cristo apareceu a ele – ressurreto! Então, o perseguidor da Igreja tornara-se o seu maior pregador depois do Senhor Jesus.
II – No que Paulo se Tornara:                                     
            Depois da conversão compete-nos pensar no que este homem chamado “Paulo se transformara”? O nosso texto continua a nos informar “servo de Jesus Cristo” no grego temos “δοῦλος Χριστοῦ Ἰησοῦ”[doulos Xristou Iesou]. Aqui é algo de capital importância para nós, pois, aquele perseguidor da igreja fora transformado em “servo” apalavra usada aqui na língua grega é mais forte do que “servo” é a palavra “escravo”. As implicações desta declaração paulina são gritantes! Devemos nos lembrar que Paulo não fundara a Igreja de Roma – e agora coloca-se a escrever para esta igreja, mas antes de tudo ele deseja demonstrar a igreja que acima de tudo ele é “escravo”. O que faz um escravo? Um escravo não faz a sua própria vontade, antes ele faz a vontade de seu senhor que o governa que o dirige; então, Paulo aqui mostra-nos a sua total submissão ao seu senhor.
            Quem é o senhor de Paulo? Ora, na frase seguinte ele nos diz: “[...] servo de Jesus Cristo...”. A pessoa bendita de Cristo Jesus é o senhor de Paulo. O apóstolo procura mostrar que a essência de sua vida, a identidade de sua pessoa, só pode ser avaliada, considerada sob o senhorio de Cristo sobre a sua vida! Consideremos mais de perto o que Paulo está dizendo:
            Ao dizer que é servo de Jesus Cristo. Ele tem em mente o significado destes termos. O nome Jesus como todos vocês sabem significa “Salvador” – Paulo mostra nesta declaração que o seu Salvador é a quem ele deve servir como um escravo; o segundo aspecto desta informação é o nome Cristo – que significa o “Messias”. O ungido de Deus para ser o redentor do mundo.
            Vemos aqui Paulo concentrando-se na Pessoa bendita de Jesus Cristo. Cristo ocupara o primeiro lugar na identidade e vida de Paulo. Ele sempre usa o Nome de Cristo para mostrar a relevância que há na Pessoa do redentor. Ele mensura isso se mostrando como “escravo de Jesus Cristo”.
            Mas que implicações isso tem para nós. A implicação disto é que todos nós que somos cristãos devemos ser escravos de Jesus Cristo. Paulo reiterada vezes apresenta esta verdade acerca dos cristãos, por exemplo, em 1ª Coríntios 6.19,20 nos diz: “19 Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? 20 Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo”.
            Ele aqui lembra-nos que não “somos de nós mesmos”, isto porque “fomos comprados por preço” – então, não devemos nos tornar culpados de pecados como a fornicação. Por que temos um dono que exige de nós santidade, alguém que pagou o preço por nós, pois, éramos escravos do pecado, estávamos no mercado de escravos, então, Jesus Cristo foi lá e nos comprou! Então, uma vez que vocês são templo do Espírito Santo, vocês não tem o direito de fazer o que quiserem com o corpo de vocês-antes “glorifiquem a Deus por meio de vosso corpo”.
            O Filho de Deus comprou cada um de vocês por um preço de seu sangue precioso, ele comprou vocês. Aqui está a redenção descrita, pois, deixamos de ser escravos do diabo para sermos escravos de Cristo. Todos nós pertencemos a Cristo, porque todos nós devemos ser escravos de Cristo como é o autor destas palavras! Então, Paulo deve fazer a sua vontade, deve fazer a vontade do Senhor Jesus Cristo, bem como cada um de nós que professamos ser cristãos.
III – O Chamado de Paulo
            Paulo identificara-se como “servo de Jesus Cristo”, mas como bem sabemos o servo é designado para algo muito específico, e a próxima frase nos leva a identificar que algo é esse: “chamado para ser apóstolo”. Aqui temos uma gradação certamente, pois, Paulo nos dissera o que lhe acontecera e como se tornou Cristo, bem como o que significa ser cristão – ser servo de Cristo Jesus; e agora ele mostra-nos qual é a incumbência especial que receber de seu senhor – ele é alguém “Chamado para ser apóstolo”. No grego temos “κλητὸς ἀπόστολος”[kletos apostolos] – que literalmente quer dizer: “um chamado apóstolo”.
            Quero chamar sua atenção para estas duas palavras: “chamado” e “apóstolo”. Pois, estes dois termos são abusados em nossos dias, e ficamos apáticos quando isso ocorre, nem sequer pensamos sobre isso, porque ignoramos o que o apóstolo nos diz aqui.
            Consideremos o termo apóstolo. O que é um apóstolo? Bem, lembremos que Paulo ao identificar-se inicialmente como escravo ele não o faz em termos gerais, mas de modo específico, ele é um escravo que é apóstolo. Conforme vimos em 1ª Coríntios muitas pessoas duvidavam e não aceitavam o apostolado de Paulo, e ele teve que reiteradas vezes defender seu apostolado contra os falsos apóstolos que estavam naquela igreja; então, aprendemos que o termo apóstolo, quando usado pelo apóstolo Paulo me referência a si mesmo, designa um ofício específico.
            Mateus 10.1-2 parece-nos mostrar isso: “Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades. Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes:”. Aqui vemos uma mudança significativa, pois, no verso 1 eles são chamados de discípulos e no verso 2 de apóstolos. Por quê? Porque nem todo discípulo é um apóstolo – Cristo de maneira deliberada mostra isso aqui. Apenas estes discípulos aqui tornaram-se apóstolos. Isso é confirmado em Lucas 6.12,13: “Naqueles dias, retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E, quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos:”.
            Porque tive que me deter neste ponto? A resposta é simples é o fato de que o termo apóstolo significa enviado como mensageiro, com uma missão e no Novo Testamento descreve uma pessoa que é enviada com a autoridade para representar alguém e falar em nome desse alguém que a envia. Então, isso nos conduz para a pergunta quais são as características de um apóstolo?
1. A primeira delas é ser testemunha ocular da ressurreição do Senhor: Isto é confirmado nas escrituras na escolha da igreja primitiva por Matias para ocupar o lugar de Judas (Atos 1.21 – “É necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós,”). Outro texto que confirma isso é 1ª Coríntios 9.1 – “Não sou eu, porventura, livre? Não sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor? Ou seja, sou testemunha da ressurreição.
2. A segunda verdade sobre este ponto é que homem para ser apóstolo tinha que ser especialmente chamado.  Conforme já vimos! Paulo fora chamado no caminho para Damasco.
3. Um apóstolo é alguém que receber uma autoridade para realizar milagres: O apóstolo Paulo menciona este aspecto em 2ª Coríntios 12.12: “Pois as credenciais do apostolado foram apresentadas no meio de vós, com toda a persistência, por sinais, prodígios e poderes miraculosos. ”.
            Isso tudo nos leva para uma pergunta. Há apóstolos hoje? Muitos se designam apóstolos, mas são blasfemos, pois, não possuem nenhuma das características que as Escrituras apresentam para o apostolado. Paulo aqui nos mostra que “um chamado apóstolo” porque possuía tais características. Hoje em dia há muitas igrejas que possuem falsos apóstolos que arrogam um ofício que não há mais na igreja, tudo para enganar o povo.
            Agora, consideremos a palavra “chamado” no grego temos a palavra “κλητὸς” [kletos] – o termo descreve o chamado específico, a chama de Deus para aqueles que ele vocaciona para o sagrado ministério! Aqui o termo é aplicado ao apostolado de Paulo ele fora chamado pelo próprio Cristo para realizar a tarefa da pregação do evangelho de Deus. Ou seja, ninguém deve se intrometer no ministério se não foi chamado para isso!
IV – A Tarefa do Apóstolo Paulo:
            Isto nos leva para o próximo passo. Este apóstolo ele é chamado para uma tarefa específica que segue imediatamente à declaração anterior: “separado para o evangelho de Deus” - ἀφωρισμένος εἰς εὐαγγέλιον θεοῦ, - Paulo é colocado à parte é isto que significa o verbo grego “ἀφωρισμένος”- para o objetivo de proclamar o evangelho de Deus.
            A palavra evangelho significa “boa-nova”. Paulo diz que é um apóstolo separado para pregar o evangelho que é de Deus. É a noticia da redenção que Deus quer anunciar ao homem perdido, ao pecador, e para isso, ele usa vasos de barros para comunicar o evangelho. Ele separa homens para ser pregadores destas boas-novas de salvação é isso que Paulo quer mostrar-nos.
            O que isso tem haver conosco? Bem, somos chamados para anunciar o evangelho de Deus aos homens, é nosso dever fazê-lo, é nossa obrigação viver deste modo. Que verdades nós aprendemos aqui neste texto da palavra de Deus:
1. Podemos ter esperança sobre a conversão de pecadores: Aprendemos aqui que um homem como Paulo que fora perseguidor da igreja de Deus, se tornara uma cristão, um homem temente a Deus, então, há esperança para os nossos entes queridos que não conhecem a Cristo.
2. Submissão total a Cristo: A segunda verdade que podemos aprender e aplicar apartir deste texto é que uma vez cristãos devemos ser “escravos” de Cristo, se submeter a sua vontade soberana, ele é nosso Senhor, nós lhe pertencemos e devemos ser submissos a ele.

3. A certeza e a finalidade de nosso chamado: Ainda que não sejamos apóstolos como designa a Palavra de Deus, todos nós somos discípulos, fomos chamados para glorificar a Deus e com a finalidade de proclamarmos o evangelho da graça de Deus aos homens, é nosso papel, é nosso dever fazê-lo, como escravos obedientes ao nosso Senhor Jesus Cristo.

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