O Ser de Deus e Seus Atributos.
Prof.
Rev. João
Ricardo Ferreira de França.
A
Teologia Sistemática busca apresentar também o ser de Deus e os seus Atributos.
Lidar com este tema é fundamental para a vida da Igreja, pois, existe um total
desconhecimento de quem seja o Deus que se revela na Igreja de Cristo.
5.1
– O Ser de Deus:
O
Catecismo Maior de Westminster (1643-1648) na sua pergunta: Que é Deus? A
resposta é a seguinte:
Deus
é um espírito, em Si e por Si mesmo infinito em Seu ser, glória, bem-aventurança
e perfeição; Todo-Suficiente, eterno, imutável, incompreensível, onipresente,
Todo Poderoso, onisciente; sapientíssimo, justíssimo, misericordioso e cheio de
graça, longânimo e pleno de verdade.[1]( Trindade. Capítulo 2, seção I)
Esta
definição teológica do Catecismo é uma verdade impar, pois, reflete o que as
Igrejas herdeiras da Reforma sempre tem acreditado sobre o ser de Deus. A
Confissão de Fé de Westminster nos apresenta a mesma tônica:
Há
um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem
corpo, membros ou paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível, -
onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo
tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que
é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo,
muito bondoso e verdadeiro remunerador dos que o buscam e, contudo, justíssimo
e terrível em seus juizos, pois odeia todo o pecado; de modo algum terá por
inocente o culpado.[2]
5.1.1 – Deus é Suficiente em si
mesmo.
A Confissão de Fé nos mostra com
base na Bíblia que Deus é em si mesmo suficiente; o que isto quer dizer? Isto
significa que Deus não é dependente da nada ao seu redor para continuar existindo.
Deus tem em si mesmo toda:
a) Vida:
ele é si mesmo e de si mesmo toda a vida (João 5.26)
b) Glória:
Deus tem toda a glória em si mesmo. Ele é o Deus exaltado em si mesmo (Atos
7.2)
c) bondade:
A Teologia Reformada diz que Deus é o supremo bem que homem deve ter. Isso quer
dizer que para nós Deus é infinitamente bom (Salmos 119.68).
Isto implica dizer que Deus não
precisa de nada ou de ninguém para continuar existindo como Deus. Sua glória
não é derivada de alguma coisa que criou. A confissão de Fé diz exatamente isso
“Ele é todo suficiente em si e para si, pois não precisa das criaturas que
trouxe à existência, não deriva delas glória alguma, mas somente manifesta a
sua glória nelas, por elas, para elas e sobre elas”. É nosso propósito viver para
a Glória de Deus sem acrescentar nada a esta Glória.
5.1.2 – Deus é o Fundamento de toda
a Criação.
Os
teólogos de Westminster, juntamente com a Bíblia, declaram que Deus é a razão
de existência de tudo o que foi criado. Os teólogos puritanos afirmam isso de
forma bem arrojada e segura: “Ele é a
única origem de todo o ser; dele, por ele e para ele são todas as coisas e
sobre elas tem ele soberano domínio para fazer com elas, para elas e sobre elas
tudo quanto quiser.”
A confissão diz que Deus é “a única origem de todo o ser”, então,
entendemos que:
a. Deus é a fonte da existência: Isto significa
que para nós o mundo não é o resultado de uma explosão (Big-Bang) e nem é o
processo de uma geração espontânea (evolucionismo/darwianismo), mas que esta
criação tem um único autor que o nosso Deus Trino (Atos 17.24-25)
b. Deus é a única origem indicando que
ele é o Soberano sobre a criação: Todas as coisas que existem são dele,
por ele e para ele, esta é a linguagem bíblica para descrever a soberania
absoluta de Deus sobre todas as coisas que ele criou – ele tem o “soberano domínio para fazer com elas, para
elas e sobre elas tudo quanto quiser” o conceito de soberania é ressaltado
aqui porque Deus deve ser visto como o governante deste mundo (Rom. 11:36;
Apoc. 4:11).
5.2 – Os Atributos de Deus:
Deus
se revela por meio de seus atributos, alguns preferem o termo qualidades ou
perfeições de Deus, todavia, continuaremos usando o termo usual da Teologia
Sistemática – os Atributos de Deus. Os atributos de Deus são classificados em
duas categorias: Atributos Incomunicáveis e Atributos Comunicáveis.
5.2.1 – Os Atributos
Incomunicáveis:
Definição:
Podemos dizer que são os atributos que Deus não comunica ao homem, pois, estes
atributos encontram-se somente em Deus.
A unidade de Deus: Antes de
considerarmos apropriadamente este assunto, se faz necessário considerar a
unidade Deus. Nós presbiterianos acreditamos que há um só Deus, e este é “Vivo
e Verdadeiro”.
O texto de Deuteronômio 6.4 nos
mostra essa realidade. O termo “único” ocorre no texto para apontar uma
“Unidade” não Absoluta, mas para uma “Unidade composta”, ou seja, Deus é um,
mas nele há certa pluralidade que o judeu não podia explicar. Este é o indicio
da doutrina da Trindade que consideraremos depois.
a) Deus é Infinito em Perfeição:
Deus tem sido caracterizado na Bíblia como um
ser infinito. Em profunda perfeição a infinitude de Deus descreve que ele não
tem fim, sempre continuará existindo, isto descreve que ele é isento de
qualquer limitação, descreve que ele está ausente de qualquer erro em seu ser,
e assim, descreve sua perfeição. Veja-se Jó 11.7-10; Salmos 145.3; Mt.5.48.
b) Deus é Imutável:
Outro atributo de Deus que é
incomunicável ao homem é chamado de imutabilidade, a imutabilidade de Deus
significa que Ele é sempre o mesmo em Seu ser, Ele não muda em sua natureza
ontológica. O texto de Tiago. 1.17 nos informa isso. Três coisas podem ser
analisadas aqui:
(1) Tudo o que é bom vem de Deus.
(2) Que de Deus as trevas não vem.
(3) Que Deus não pode mudar.
c) Deus é Eterno:
A sua eternidade não pode ser
enumerada, somente ele é o ETERNO POR MAGNIFICIENCIA. A eternidade de nossa
alma está ligada à criação de Deus. O SENHOR criou o homem para ser eterno, mas
a eternidade de Deus é dEle somente.
d) Onipotência:
Creio “em Deus Pai, Todo-Poderoso”
esta é a confissão da igreja. O atributo de onipotência cabe somente em Deus
que criou o mundo e tudo o que nele existe; ter todo poder significa que Deus
pode fazer tudo o que lhe apraz para glorificar o seu próprio nome. Jó 37.23.
e) Onisciente:
Deus conhece todas as coisas em sua
totalidade, esse conhecimento não é adquirido, mas é inato em seu ser, Deus não
aprende as coisas como acontece conosco, mas ele sabe tudo – alguns chamam isso
de conhecimento exaustivo e simultâneo de Deus. Dentro deste atributo podemos
incluir a presciência que é fruto deste conhecimento exaustivo de Deus. Romanos
11.34 e 1 Pedro 1.1-2.
f)
Onipresença:
O Criador está em todos os lugares e
não está limitado a estes lugares. É isto que quer dizer “Onipresença”. Dentro
deste atributo encontramos apoio para duas verdades teológicas que são: 1)
que Deus é Imanente – está na Criação, mas não é a Criação; 2)
que Deus é transcendente – que está ausente na Criação, mas não
abandona a Criação e não se funde ou confunde-se com ela. (Salmos 139.7-10).